Mais uma vez natal. Mais uma vez lembranças.
Lembro-me vagamente dos natais em família que tínhamos quando criança. A situação econômica não nos permitia grandes extravagâncias, então natal se resumia a frango assado, maionese e suco de maracujá. Um verdadeiro banquete.
Na TV de madeira os maravilhosos brinquedos do Gugu e as maquininhas de ‘faça você mesmo’ da Eliana que enchiam os meus olhos e dos meu irmãos. Ganhavamos brinquedos da empresa do meu pai, o que nos deixava extasiados pois era o único brinquedo que teríamos durante um ano.
Lembro de um dia ter ido ao banco com meu pai sacar dinheiro. Na época, meu pai era ajudante de faxina. Quando chegamos ao caixa eletrônico ele começou a despejar dinheiro sem parar.
Na minha mente de criança: ‘Um milagre!’
Neste momento meu pai recolheu o dinheiro do caixa, levou-o até o gerente e explicou o ocorrido justificando-se ‘Saiu a mais! Não tem tudo isso na minha conta!’.
O gerente o agradeceu inúmeras vezes. Saímos e fomos comprar o frango da ceia.
Sabe, naquele natal meu pai não me deu um brinquedo que quebrasse ou algo em que eu colocasse pilhas e brilhasse sem parar.
O que ele me deu foi muito maior do que qualquer coisa que eu pudesse comprar. Algo que não poderá ser quebrado e nem arrancado de mim.
Ele me ensinou a ser honesto.