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22 de novembro de 2011

O Epitáfio da minha fé


Aqui jaz um cristão.
E talvez as pessoas irão parar diante da sepultura e se perguntarão: 'Será que foi morte matada ou foi morte morrida?'
de antemão afirmo: as duas coisas.

Morte matada.
matada pelos que inverteram os sentidos.
matada pelos que distorceram o que 'Ele' disse.
matada pelos amantes das teorias e inimigos das práticas.

Morte morrida.
morrida pela dor no coração.
morrida pelo zêlo que o consumiu por causa da Casa.
morrida pela decepção.

E a cegueira, outrora dos relâmpagos, agora dos flashs das digitais.
E a fumaça, outrora do incenso, agora das máquinas.
E as luzes, outrora de seu Criador, agora dos strobos.
E o brilho, outrora da glória, agora do glitter.

E passará a andar por aí, como zumbi.
Como viu os outros fazendo.
Balançando a cabeça e concordando. Como viu os outros fazendo.
Negociando, vendendo e vendendo-se. Como viu outros fazendo.
Oferecendo a causa em promoção. Como viu outros fazendo.
E vendendo o que é de graça. Como viu outros fazendo.

E o grito que já foi tão alto reduziu-se a um sussuro.
E a bandeira, que um dia carregou sobre um mastro, enrolará o seu corpo.
O corpo, que foi partido por todos, foi partido por ninguem.
E a causa que tinha como vida ou morte o escolheu para matar.


E, por fim, descobriu que a existência foi vã.
Porque a causa que tinha já não tem mais.