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29 de abril de 2010

Já que ninguem me pega...

[Ou Devaneios de Josimar Barros – Parte II / a primeira parte pode ser encontrada aqui: http://amanda-ps.blogspot.com/2010/04/devaneios-de-josimar-barros.html ]

Escrito ao som de diversas musicas do U2 tocadas no Youtube.

Sempre gostei de escrever. Desde que me entendo por gente (E olha que nem me entendo tanto por gente assim...). Riscava a mesa amarela da minha casa, escrevendo meus textos e desenhando minhas artes, que eu batizava de Gibis e a minha mãe de sujeira.

O fato é que eu escrevia muito. Tenho uma caixa no meu guarda roupa cheia de recordações (que a minha mãe insiste em batizar de lixo!) em que guardo ingressos, cartas, convites, fotos... e algumas coisas que escrevi e que hoje não fazem o menor sentido pra mim. As crianças comuns escreviam pra Papai Noel e eu escrevia cartinhas pra Deus... vai me entender!

Cresci e o vício continuou. Trocava e-mails kilometricos com amigos (Renato, Aline e Ze que o digam!). Me formei em roteiro e comecei a ser pago pra escrever. Ser pago para fazer o que gosto, não é demais? Não! Não é demais!

A cada roteiro refeito, a cada cliente chato, a cada roteiro re-re-refeito meu gosto pela escrita ia embora. E, mesmo quando escrevia no blog pelo puro prazer, comecei a me questionar quanto a importância do que escrevia. Quem tem interesse nisso? E até que ponto devo expor a minha vida desta forma?

Enfim, as palavras morreram dentro de mim. Estes dias tentei escrever algo além de registros de aula e trabalhos acadêmicos. Ficou uma droga. Desaprendi como se faz isso, de verdade!

Então, desprendo de tudo agora e escrevo este post do que tenho vivido, sentido e tudo mais. Existem blogs realmente muitos bons na net, então não espere encontrar muita coisa neste texto, até mesmo porque ele não passaria nem pela primeira peneira de Sócrates, mas você pode parar quando sentir que deve. =D

Já que ninguém me pega... eu me pego!

Me pego...

E me apego a Deus! E como estamos ligados. Como estamos presos. Como estamos apaixonados. Como estamos bem. Como Ele invade a minha vida todas as manhã, queimando em mim o Seu Santo Espírito. Como ele insiste em mandar o sol me acordar de manhã e na madrugada, enquanto volto da faculdade, Ele faz a Lua sorrir pra mim de um modo especial. Eu quero viver todos os meus dias pra Ele.

Me pego...

Pensando que não sou digno da família que tenho. Nunca serei tão integro como meu Pai. Nunca teria a devoção igual a da minha mãe. Nunca serei prestativo como minha irmã mais velha. Nunca serei engraçado e esforçado como meu irmão. Nunca serei inteligente como a minha irmã do meio e nem tão humilde como a minha irmã caçula. Engraçado isso, uma criança de 9 anos me ensinando sobre humildade... Acho que sou adotado.

Me pego...

Pensando nos amigos que já fiz, que já perdi, que sinto falta. Nas declarações mais simples como cartazes, um pão de queijo pela manhã ou uma mensagem de texto falando que sonhou comigo. E como isso tudo me faz bem! Penso na caixa de lápis de cor inteira verde que ainda recebi e no karaokê que estamos marcando desde sempre. Penso em um café da manhã no bar da esquina em que as lagrimas quase estragaram tudo. Penso em um abraço muito apertado e desesperado na conferencia do Jason Upton. Penso na surpresa que é encontrar alguém que só via pela net. Penso na surpresa que é re-encontrar alguém co quem só falava pela net. Penso nos amigos distantes que nunca conhecerei. Penso em piadas internas de que darei risada a vida inteira. Penso em ataques de riso até mesmo em velórios. Penso em ‘eu te amos’ não como os baratos, mas aqueles que trazem uma verdade assustadora. Sim, a verdade do amor é assustadora! Penso nas orações, de joelhos, apoiando nossos ombros... as palavras se foram a tempos e o que fica é a emoção de ter um irmão ao lado. Penso nos ‘li este livro e lembrei de você!’. Penso que, por mais que eu pense, nunca conseguirei descobrir o verdadeiro sentido da palavra amizade.

Me pego...

Pensando em como sou um cara simples. Como qualquer coisinha já me deixa feliz. E penso em como algumas pessoas não se esforçam 'qualquer coisinha' pra fazerem as outras felizes. Louco isso, né?

Me pego...

Pensando o verdadeiro motivo pelo qual eu odeio a publicidade. Sabe porque? Porque sou um publicitário nato. O rei das promessas falsas e ilusórias. Vendo amores que não posso oferecer, amizades que não posso retribuir, tempo do qual não disponho e relacionamentos que não passarão do virtual.

Me pego...

Pensando em como as vezes a vida é dura comigo. A Quantidade de sofrimentos que já passei nesta vida. Como a vida pode ser tão dura com um garoto cheio de sonhos e que, com o desemprego de seu pai, não podia realizá-los? Mas penso um pouco mais. Até que pra alguém que já teve começo de depressão, graças ao Roacutan e a uma namorada que não sabia amar, sou um pouco otimista demais. Preciso aprender a lidar com sonhos que não se realizarão nunca e com medos que nunca vencerei.

Me pego...

Pensando em como tudo é nada. Posso me matar de estudar mas nunca saberei de tudo. Posso me matar de trabalhar mais nunca serei milionário... e ai, caio em mim mesmo, e descubro que não quero saber de tudo e nem ser milionário quero apenas viver.

Me pego...

Pensando em como sou um idiota. O amor Phileo insiste em morar em mim. Crio laços com as pessoas de forma inacreditável. Sofro de forma inacreditável. Os erros do passado quase nunca me ensinam e, volta e meia, quebro a cara com isso.

Me pego...

Querendo ser alguém diferente. Melhor pra mim mesmo. Menos besta,menos tonto. Sabe as duas vezes que penso antes de falar? Gostaria de pensar duas vezes antes de ouvir. Gostaria de tratar as pessoas como elas me tratam, em exata proporção. Eu não me faço de bonzinho. E nem me acho bonzinho. Este é o Josi. Queria ser diferente, mas nem consigo.

Me pego...

Pensando em como o cristianismo, apesar de ser um fardo leve, tem pesado sobre os meus ombros. Penso nas vezes em que preferi ficar quieto quando podia debater. Nas vezes em que fiquei com fome porque dei tudo o que tinha no bolso pra uma mulher que pedia na rua. Penso na dor que me faz ver o sofrimento sem poder fazer nada. Penso nas minas que não fiquei, das festas que em que não bebi e das vantagens que não obtive. E sabe o que descubro? Que sou um cristão medíocre, que não chego aos pés do meu mestre. Que envergonho o evangelho com os trapos de imundícia que é a minha justiça própria. Penso nas capas que não dividi, nos pães que não reparti, nas milhas a mais que não caminhei...

Poderia escrever mais aqui... mas se você chegou até aqui, parabéns pela paciência.

Por fim, me pego pensando se escrevo isso porque estou em mais uma das crises da minha eterna adolescência ou se simplesmente estou amadurecendo...

Não sei!

Aquele que está buscando um sentido,

Josi

3 comentários:

Amanda Tanizaki disse...

Já que ninguém te pega, eu te pego... errr...
Cineminha pra hoje confirmado?! hehehe.
Revelações nesse texto.
Fiquei 'passada'. Roacutan oO'
É, confiar e acreditar no coração de Deus é sempre o melhor, uau!
Tantas e tantas coisas a serem faladas... dorme aqui?!

Beijo!

Anônimo disse...

Li do começo ao fim... Você é uma luz de Deus. Nosso Pai (do Céu) tem muito orgulho de você!

Um abraço.

Tutu disse...

HUmm...escreve que nem gente grande...
mas o coração é de uma criançaa choramingas :D!
Por isso te amo!
Pela sua pureza e coragem!

Bjus